“A despeito de tanto mestrado
Ganha menos que o namorado
E não entende porque
Tem talento de equilibrista
Ela é muita se você quer saber
Hoje aos 30 é melhor que aos 18
Nem Balzac poderia prever
Depois do lar, do trabalho e dos filhos
Ainda vai pra nigth ferver” (Pitty, Desconstruindo Amélia)
Ganha menos que o namorado
E não entende porque
Tem talento de equilibrista
Ela é muita se você quer saber
Hoje aos 30 é melhor que aos 18
Nem Balzac poderia prever
Depois do lar, do trabalho e dos filhos
Ainda vai pra nigth ferver” (Pitty, Desconstruindo Amélia)
E assim é a
realidade da mulherada ao meu redor, ainda consequência de uma sociedade
machista, vivemos as diferenças de sermos mulheres. Ouvir uma conhecida
reclamar da rotina de casa, do trabalho e dos filhos é uma tormenta. Em pleno
século XXI onde as mulheres já provaram por A+B que são capazes, onde estão em
produção tanto quanto os homens, e por isso passam tanto tempo fora de casa
quanto eles, é inadmissível pensar que ainda sofram sozinhas com as demandas do
lar, como se isso fosse tarefa somente delas.
Ouço muitos homens
dizerem que não nasceram para tal função: não sei lidar com isso, não fui
criado para tal. Sem dúvida nenhuma meu caro, fostes criado para coçar o saco,
tomar posse do controle, reclamar da demora do jantar, da camisa que não ficou
bem passada e achar que está fazendo o máximo em levar as crianças para o
colégio e quem sabe varrer o quintal nos fins de semana. Mas os tempos mudaram,
acordem!
O que mais me
intriga nessa história é o fato de não se sentirem mesmo responsáveis, os que
hoje agem diferente se consideram “gente boa” com elas. Não repartem a
responsabilidade, apenas colaboram com as funções, delas.
E na vida profissional
não é nada diferente, ganhar menos que eles em um mesmo cargo ainda é fato.
Deveria ser motivo de vergonha, é como se assinássemos, todos nós, um atestado
de “eu vivo sim numa sociedade machista e hipócrita”. Simplesmente não dá para
entender.
O engraçado é que
fazemos tudo isso e ainda queremos sair, dançar, conversar, socializar. Eles
querem colocar o shortinho de estimação e ver TV até não aguentarem mais, no
máximo uma cervejinha, com os amigos é claro.
Portanto meus amigos
somos mulherzinhas sim, complicadinhas às vezes, mas não viemos ao mundo a
passeio, precisamos matar um leão por dia para provarmos que somos capazes.
Sendo assim, não temos tempo a perder, coçar o saco é para os fracos.
Por Ms. XX
Vamos costurar o sutiã
Se eu não me engano, acho que foi na década de 60 ou 70 que as mulheres
aproveitaram o Movimento Hippie "Faça amor, não faça guerra" e
rasgaram os sutiãs, aliás, queimaram, para pedir mais igualdade entre os
sexos. Numa época efervescente, a onda
do feminismo tomou conta da cabeça das XX, a partir daí o mundo não seria mais o
mesmo, pois a guerra contra a posição de subordinada, nas relações amorosas e
domésticas estava travada.
Não demorou muito e vieram às conquistas, como o
direito ao trabalho e lógico à sacanagem, com o advento da pílula
anticoncepcional, pois como dizia Betty Friedan, autora de A Mística Feminina
(1963), "nenhuma mulher consegue um orgasmo ao encerar o chão da
cozinha".
A feminista americana poderia até estar certa, mas
a mulher lutou muito pelo direito de urinar de pé, falar palavrão na hora do
sexo e coçar a virilha na intenção de achar o saco, para agora reclamar,
reclamar, reclamar e chorar. E não somente reclamar, pois o que era um ser
feminino cheio de tensão e amor se tornou uma pessoa conservadora, bitola em
trabalho e disposta a atormentar o parceiro.
A mulher procurou tanto o direito igualitário, que
a reivindicação se revelou ilusória, ela própria não soube lidar com o caminho
livre, se viu perdida nas tarefas domésticas e profissionais. “Meu marido não
ajuda em casa”, parece o desabafo de uma esposa da década de 50, fraca e sem
sustentação.
Hoje, existem famílias onde a mulher é o chefe da
casa, muitos papeis se inverteram, mas o discurso mulherzinha continua o mesmo.
Não são os XY que falam que somos diferentes, a própria ciência moderna recheia
diferenças incontornáveis entre homens e mulheres. Portanto, talvez o ser
feminino deva começar uma nova era, aprender a lidar com as desigualdades entre
os sexos e busque o direito à diferença. Porque os XY já descobriram isso, nem
todo ser masculino nasceu para arrumar a cama ao acordar ou levantar a tampa do
vaso ao urinar.
O homem não quer a figura feminina de avental e com
bobs nos cabelos, no meio da cozinha, envolta de comida, fogão e outros
utensílios domésticos. Talvez busquem apenas o cotidiano.
“Seis da tarde, como
era de se esperar
Ela pega e me espera
no portão
Diz que está muito
louca prá beijar
E me beija com a boca
de paixão” (Cotidiano,
Chico Buarque).
Por Mr. XY